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Artista popular, Manuel Salustiano Soares, o Mestre Salustiano, nasceu a 12 de novembro de 1945, no município de Aliança. Um dos grandes nomes do maracatu em Pernambuco, comanda o grupo Sonho da Rabeca.
Motorista profissional, frequentou apenas o curso primário e, depois que passou a residir em Olinda, começou a ganhar fama comandando o Cavalo Marinho Matuto. Fundador do Maracatu Piaba de Ouro, em 1997 participou, com o seu grupo, do Festival de Cultura Caribeña, em Cuba.
Salustiano devia ter a idade de não mais que sete anos quando pintou o rosto pela primeira vez.
Ele nasceu em 12 de novembro de 1945 no Engenho Oiteiro Alto, município de Aliança.
É o mais velho de seis filhos, três mulheres e três homens, do casal João Salustiano Soares e Maria Tertonila da Conceição.
Como a mãe morreu quando Salustiano ainda era adolescente, ficou para seu João Salustiano a tarefa de criar a prole sozinho.
Foi seu João Salustiano quem ensinou o primogênito a brincar de cavalo-marinho, talvez a grande paixão do mestre no terreno da cultura popular.
O cavalo-marinho veio antes da rabeca, antes mesmo do maracatu. Sem qualquer intenção de desvalorizar o folguedo ao qual é mais freqüentemente associado, ele explica que o cavalo-marinho é maior, mais difícil de aprender.
“O maracatu é uma lendazinha muito pequenininha”, diz, ao passo que o cavalo-marinho é um espetáculo cênico com mais de 70 personagens, que geralmente ultrapassa oito horas de duração (há registros de encenações que levaram duas noites para terminar).
O maracatu, Salustiano aprendeu com outros mestres.Entre eles Antônio Baracho, que também era cirandeiro, o mais importante de Pernambuco.
Já a rabeca ele aprendeu a tocar observando o pai, mas para fabricar o instrumento teve que pedir ajuda a Manoel Severino Martins, o grande luthier Mané Pitunga.Tinha 16 anos quando foi bater na porta de Pitunga, no município de Ferreiros, vizinho de Aliança. Era uma casa de fachada verde-piscina, a mesma cor que Salustiano usaria para pintar a área de shows da Casa da Rabeca do Brasil, 50 anos mais tarde.
Porém Mané Pitunga, que quando trabalhava numa rabeca se escondia até dos familiares, não quis ensiná-lo.Salustiano encomendou, então, uma rabeca especial ao luthier. As rabecas que Pitunga fazia para si próprio tinham todas um braço curto, de no máximo 10 cm – absolutamente adequadas para ele, que tinha as mãos pequenas. Mas para Salustiano uma rabeca de 10 cm de braço é uma rabeca misca. A palavra, ignorada pelo Aurélio, quer dizer “mesquinha” (ou, na pronúncia daquela região de Pernambuco, misquinha). “Ela não dá a nota certa de jeito nenhum, ficam faltando notas”, diz o mestre, que por isso pediu uma rabeca de 12 cm de braço.
Pitunga construiu a rabeca, Salustiano agradeceu, levou para casa e, prontamente, quebrou o instrumento.“Eu desmontei ela inteira para ver como era feita. Tirei os pregos, molhei os lados com água para tirar a cola, arranquei os textos dela.” Ao final da experiência se propôs construir a sua própria rabeca. E depois de algumas tentativas mal-sucedidas, quando já se considerava pronto, foi pedir a avaliação de Pitunga.“Tá fazendo rabeca melhor do que eu”, admitiu o outro.
Por essa época, mais ou menos, Salustiano trabalhava como cambiteiro no Engenho Cipoal, também em Aliança. Cambiteiro é o trabalhador que transporta cana em lombo de animal, com o auxílio de cambitos (ganchos de madeira) montados nas cangalhas (a armação que equilibra as cargas).
Mais tarde ele se mudaria, definitivamente, para Olinda, onde foi gari, motorista de caminhão, vendedor de picolé (para acordar os fregueses logo cedo, improvisava uma gaita com lâmina de barbear e tocava: “Acorda, Maria Bonita. Levanta, vai fazer café...”).
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