05 novembro, 2007

Sílvio Botelho: O pai dos bonecos gigantes

O amigo Sílvio Botelho e sua
mãe Maria Dolores de Almeida



Sílvio Romero Botelho de Almeida
(Olinda, 14/5/1956)

“Na adolescência, com dez, doze anos já tinha essa energia. Brincava com máscaras. A primeira máscara que fiz, foi uma máscara com o rosto de Glória, minha irmã. Morava no Amaro Branco. Deitei Glória no chão, tinha muito capim e disse: - Eu quero fazer uma máscara. Coloquei papel misturado com goma no rosto de Glória e um canudo na boca para ela respirar. As formigas mordiam Glória, mas ela resistiu. E a primeira máscara ficou pronta.”

“O primeiro boneco que fiz, foi em 1975, foi o Menino da Tarde. Ernandes Lopes foi a pessoa que me pediu para fazer. Nessa época, só existia o Homem da Meia-Noite e a Mulher do Dia. Era o filho dos dois. O maior desafio foi entender o que era fazer um boneco gigante. Um boneco com 2 metros e 90 centrímetros de altura. Em dois meses o Menino da Tarde ficou pronto. O boneco pesava 35 quilos e foi confeccionado em madeira, capim, papelão duro e papel. Ao ver o resultado, o renomado artesãoRoque Fogueteiro ficou impressionado com a beleza da obra e me aconselhou a prosseguir no caminho da arte.”

“Aí vieram a Menina da Tarde (1978), “John Travolta” (1979), “A Nordestina” (1981). Entre 1984 e 1985, começaram a aparecer as encomendas de bonecos gigantes de políticos: Tancredo Neves, Jarbas Vasconcelos e Sérgio Murilo. Os pedidos eram tantos que comecei a descobrir maneiras de torná-los mais leves, usando o isopor. Em 1986, fiz seis bonecos para Miguel Arraes e seis para José Múcio.”

“Até este momento, já fiz 628 bonecos gigantes. Tenho todos eles cadastrados. Só reneguei um. Queimei porque a figura do boneco, um cantor famoso de Olinda, certa ocasião, disse que não me conhecia.”

“O primeiro Encontro dos Bonecos Gigantes de Olinda aconteceu num sábado de 1987. Fiz o encontro para brincar. Fechava a rua com os bonecos para pedir dinheiro as pessoas que passavam e, depois, tomar cerveja. A idéia ficou e vem acontecendo todos os anos. Em 1990, fizemos uma inovação com o casamento do Homem da Meia-Noite com a Mulher do Dia para legitimar os filhos O Menino do Dia e a Menina da Tarde.”

“Guardo 60 bonecos gigantes no meu ateliê. Meus bonecos já viajaram e se apresentaram o Brasil inteiro, do Paraná a Macapá. Por isso sou chamado do Pai dos Bonecos Gigantes.”

“Uma vez, depois da saída do Camburão lá em Boa Viagem, um boneco meu foi roubado. Dois anos depois, fui informado que este boneco estava no desfile das Virgens de Olinda. Fui lá e resgatei”.

“Em molde de papel para fazer um corpo de um boneco gigante é preciso um mês de trabalho. Já em fibra faço até dez corpos se quiser. Antigamente, um boneco pesava mais de 58 quilos - o Homem da Meia-Noite, por exemplo -, depois da primeira reforma passou para 48 quilos, o que a chega da fibra ficou com 13 quilos, o mesmo tamanho e volumetria, qualquer menino de dez anos de idade pode botar na cabeça.”

“O Encontro de Bonecos Gigantes de Olinda começa às 7 horas com umcafé da manhã toda terça-feira de carnaval, depois eles ganham as ruas de Olinda.”

“Os bonecos gigantes não ficaram apenas no carnaval, hoje participam do São João de Caruaru e Campina Grande, saem nas procissões, já fiz os bonecos de santos Cosme e Damião, na política e no futebol.”

“O boneco que me deu mais alegria foi o Menino da Tarde. Boneco não me dá tristeza, só me dá alegria. Vivo deles.”

1 comentários:

jeffcelophane@gmail.com disse...

Caro Arlindo Siqueira
parabens pelo seu blog difundindo a Cultura Popular desta OLinda que não cansa de nos encantar.
tenho um blog que trata de Cultura Popular Brasileira e tomei sa liberdade de mencionar a entrevista feita com o artista: Silvio Botelho, na matéria que fiz sobre os Bonecões de Olinda.
aguardo seu parecer.
http://jeffcelophane.wordpress.com/
Um abraço

JeffCelophane | Jefferson Duarte