Olinda nasceu em uma colina de onde a visão se projeta sobre o oceano.
Além da beleza paisagística, a escolha do lugar teve razões estratégicas: do alto, era mais fácil combater invasores vindos pela costa em busca de riquezas naturais.
Ao chegar à nova terra, habitada pelos índios Tabajares e Caetés, o português Duarte Coelho convenceu-se de que aquele era o lugar ideal para instalar a sede do seu governo.
Segundo a tradição, ele teria exclamado: "Oh! Linda situação para uma vila!". Estava, então, fundada a Vila de Olinda, no dia 12 de março de 1537.
Neste dia 12 de março a cidade Patrimônio Histórico da Humanidade completa 473 anos.
Instalada a sede do primeiro governo da Capitania de Pernambuco, a nascente vila, que depois seria transformada em cidade e capital, foi, aos poucos, desenhando o seu traçado urbanístico.
Sobrados e ruas coloniais, monumentos, igrejas imponentes, galerias de arte e artesanato transformaram Olinda em uma cidade que "é só para os olhos. Não se apalpa, é só desejo" (Carlos Pena Filho).
Com a exploração do pau-brasil e o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, Olinda tornou-se um dos mais importantes centros comerciais da colônia.
A presença das ordens religiosas na vila foi importante para a definição urbanística do lugar e de fundamental importância para a conquista definitiva das terras.
Invadida pelos holandeses em 1630 e incendiada no ano seguinte, foi reconstruída apenas em 1664.
Após esse período, o povoado do Recife começou a crescer, com a presença dos comerciantes portugueses.
Olinda foi, aos poucos, perdendo espaço para a nova vila que se fortalecia, deixando, finalmente, de ser capital em 1827.
Deixou de ser centro político, porém continuou sendo referência histórica e cultural.
Costuma-se dizer que Olinda tem a maior concentração de artistas e artesãos do País.
Mais de 10% de sua área total (42,3km²) pertencem ao Sítio Histórico, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O seu rico acervo arquitetônico, cultural e natural a transformam em exemplo de cidade colonial brasileira.
Do alto de suas colinas, é possível fechar os olhos e imaginar como viviam os povos que habitaram a cidade entre os séculos 17 e 19.
DOCUMENTO - O Foral de Olinda é o documento mais antigo relativo à cidade e o único conhecido no País.
Outros dois são apenas citados: o de Santos, de 1545, e o de Piratininga, de 1558, ambos em São Paulo.
Mas nunca foram encontrados.
Pesquisadores afirmam que o Foral de Olinda é o único que concede ao núcleo urbano nascente o título de 'vila', assegurando-lhe um amplo patrimônio territorial.
PIONEIRISMOS:
» Primeira Câmara de Vereadores do Brasil (1548)
» Primeiro teatro brasileiro (1575)
» Primeiro grito pela República (Bernardo Vieira de Melo, 1710)
» Primeiro curso jurídico do País (1827)
» Primeira biblioteca pública do Brasil (1830)
» Primeira manifestação real para a abolição da escratura no Brasil, com a libertação de todos os escravos pelos dirigentes do Mosteiro de São Bento (1831)
Bibliografia:Acervo da Biblioteca Pública Estadual
xxxxx
PROSOPOPÉIA (*)
(Excerto)
Bento Teixeira (1545-1618)
xxxxx
Para a parte do sul, onde a pequena
Ursa se vê de guardas rodeada,
Onde o céu luminoso mais serena
Tem sua influição, e temperada;
Junto a Nova Lusitânia ordena
A natureza mãe bem atentada,
Um porto tão quieto e tão seguro,
Que para as curvas naus serve de muro.
____________
(*) PROSOPOPÉIA - 1601. Poemeto em oitava rima, com 94 instâncias. Primeira produção poética escrita no Brasil, provavelmente em Olinda.
xxxxx
HINO DE OLINDA
Letra: Themístocles de Andrade
Música: Capitão Zuzinha
Olinda, cofre sublime
de brilhantes tradições.
Teu nome beleza exprime
e produz inspirações.
Teu céu, teu mar, teus coqueiros,
ruínas, praias, luar,
despertam sonhos fagueiros,
deslumbrando o nosso lar.
Estribilho
Glória a Duarte Coelho,
que ouvindo o justo conselho
de inspiração genial,
deu luz, prestígio, beleza,
a ti, Olinda imortal.
Olinda tão sedutora,
quanta beleza conténs!
Sendo assim merecedora
do lindo nome que tens.
De nossa brasilidade
foste o berço singular!
No teu solo a liberdade
nunca deixou de brilhar.
Olinda, honrando a memória
do artista que te fundou,
com ele reparte a glória
que tua fama alcançou.
Que majestade suprema
existe em tudo o que é teu!
tu és, Olinda, um poema
que a natureza escreveu!...
xxxx
HINO DE PERNAMBUCO
Letra de Oscar Brandão (1882-1956)
Música de Nicolino Milano (1876-1962)
xxxx
A República é filha de Olinda,
Alva estrela que fulge e não finda
De esplender com seus raios de luz.
Liberdade um teu filho proclama,
Dos escravoso peito inflama
Ante o sol dessa Terra da Cruz!
(Última estrofe)
xxxxx
INCÊNDIO DE OLINDA
Armiragi Breckenfeld
xxxxx
Matias de Albuquerque resistia
no Forte do Arraial do Bom Jesus,
aos constantes ataques do holandês...
Um dia, ao descambar da luz,
recebeu do invasor a insensatez
de u'a mensagem desabrida
que era uma afronta aos brios do soldado:
"- Todo o açúcar de Olinda... sob pena
de vê-la incendiada, destruída..."
Diante de ameaça, revoltado,
sem vacilar, Matias de Albuquerque
respondeu com altivez ao mensageiro:
"- Diga a seu chefe, que os PERNAMBUCANOS
terão para o inimigo, apenas... bala.
E saberão reconstruir a vila
se ousar incendiá-la!..."
E quando
as chamas rubras se desenrolaram
sobre os tapetes verdes dos outeiros,
reduzindo-os a um mar de águas-vermelhas,
lambendo as torres das igrejas,
paredes gangrenando e enegrecendo as telhas,
Matias de Albuquerque, olhar parado,
e cérebro a oscilar em tonturas de ópio,
mas perfilado... - uma estátua de pé,
via a formosa Olinda ressurgida
num milagre de Fé
como se olhasse num caleidoscópio...
E murmurou, fitando o céu sereno,
numa expressão simultânea de dor,
de súplica e promessa ao Nazareno:
"- OLINDA!
Teus filhos saberão reconstruir-te ainda!..."
"Vozes do Nordeste", 1954.
xxxxxxx
OLINDA
Carlos Pena Filho
xxxx
"De limpeza e claridade
é a paisagem defronte.
Tão limpa que se dissolve
A linha do horizonte.
xxx
As paisagens muito claras
Não são paisagens, são lentes.
São íris, sol, aguaverde
Ou claridade somente.
XXX
Olinda é só para os olhos,
Não se apalpa, é só desejo.
Ninguém diz: é lá que eu moro
Diz somente: é lá que eu vejo.
XXX
Tão verdágua e não se sabe
A não ser quando se sai.
Não porque antes se visse,
Mas porque não se vê mais.
XXXX
As claras paisagens dormem
No olhar, quando em existência.
Diluídas, evaporadas,
Só se reúnem na ausência.
XXXX
Limpeza tal só imagino
Que possa haver nas vivendas
Das aves, nas áreas altas,
Muito além do além das lendas.
XXXX
Os acidentes, na luz,
Não são, existem por ela.
Não há nem pontos ao menos,
Nem há mar, nem céu, nem velas.
XXXC
Quando a luz é muito intensa
É quando mais frágil é;
Planície, que de tão plana
Parecesse em pé."
xxxx
CANTIGA DE AMAROLINDA
Olímpio Bonald Neto
xxxxx
IV - CANTO AQUI
Aqui termina o presente
e começa a tradição.
Aqui finda o que se quis
e se tem o que se há de.
Aqui semeou-se a História,
viu-se crescer a Nação,
aqui, clamou-se: República!
denunciou-se a opressão,
foi ensinado o Direito,
sonhada a Revolução,
morreu-se pela igualdade,
incendiou-se a ambição,
matou-se por Liberdade,
pregou-se a Fraternidade,
foi construído o Destino
e feita a Restauração.
xxxx
E aqui, ainda aqui,
mil crianças passam fome;
comem siris que lhes comem
bocas que não sabem rir
e as próprias mães se consomem
nas águas antilustrais,
na lama podre dos mangues,
pelos caminhos mais ínvios
dos becos das capitais.
Sem ter quem lhes salvem, aqui!
xxxxxxOLINDA CIDADE ETERNA
Letra e música de Lourenço Fonseca Barbosa (Capiba)
xxx
Olinda, cidade heróica,
Monumento secular
Da velha geração...
Olinda!
Serás eterna e eternamente viverás
No meu coração!
Quisera ver
Teu passado, Olinda,
Quando era ainda cheia de ilusão,
Para contemplar a tua paisagem
Para olhar teus mares,
Ver teus coqueirais...
Pular na rua com a meninada,
Brincar de roda e de cirandinha...
Depois subir a ladeira do mosteiro,
Rezar a Ave Maria
E nada mais,
Rezar a Ave Maria
E nada mais...
Olinda! Eterna!
Olinda! Eterna!
xxxxx
OS SINOS MAIS DO QUE SINOS
Barreto Guimarães
xxx
Os sinos de Olinda tocam
uns acordes diferentes,
misto de paz e de apelo
para nos fazer presentes
ao zelo pela cidade -
Capital da Liberdade,
e à defesa do seu povo
em ato de humanidade.
Até quando dobram juntos,
anunciando tristeza,
os sinos de Olinda guardam
o seu toque de pureza.
O som que vem do Bonfim
recorda um mundo encantado
de festas - das lindas festas
de Guedes Alcoforado...
Os sinos das capelinhas
transmitem melancolia,
entretanto, os de São Bento,
com seu toque muito grave,
parecem advertir-nos
de que nunca mais se crave
nas mãos de seres humanos,
o quanto se fez com Cristo -
o horror dos pregos do ódio,
da maldição... Não é isto
que gera a felicidade
deste povo abençoado
pelas mãos do mesmo Cristo
que morreu crucificado,
para que no sofrimento,
em holocausto ao Amor,
trouxesse a Grande Mensagem
do Messias Salvador.
Na velha igreja do Amparo,
o toque é sempre suave,
não tendo, embora, a brandura
do cantos de qualquer ave,
mas, parece aquele templo,
duas vezes centenário,
convocar para um trabalho
pelo bem comunitário.
Os sinos dos Franciscanos
despertam cedo a cidade,
pedindo que os olindenses
cultivem fraternidade.
Misericórdia, também,
quando chama às orações,
faz tal qual o Seminário,
buscando unir corações.
Os sinos, os grandes sinos,
que tocam no Alto da Sé,
são sinos mais do que sinos,
são missionários da Fé.
E, no Carmo, aigreja-mártir
(com o convento incendiado
pela fúria do invasor
que terminou derrotado),
o seu toque se harmoniza
com o de São Pedro, a Matriz,
nos dando a viva impressão
de uma cidade feliz.
O Monte e a Matriz de Fátima
- amais antigas e a mais nova -
traduzem sacralidade,
que é vida que se renova.
Nossa Senhora da Ajuda
que fica além, nos Peixinhos,
bem sincroniza os seus toques
com Tadeu, de Salgadinho,
as duas testemunhando
a todo dia que passa,
o quadro de servidões,
doença, fome, desgraça.
Santa Teresa se expande
naquela amplidão sem fim
efaz chegar sua voz
na Ilha do Maruim...
Sant'Ana, do Rio Doce,
toca o sino um tanto frágil,
mas com o ardor de quem protege
o jangadeiro tão ágil.
Tocar menos que dobrar,
plange a São Sebastião,
quase sempre a anunciar
a morte de um bom cristão.
Na igreja da Boa Hora,
menos escuto o seu sino,
mas sei que vou embora
sem tê-lo no meu destino...
De boa hora precisa
todo e qualquer ser humano
e dela bem necessita
o ateu mais cego e profano...
Guadalupe e São João,
muito perto da saudade,
os sinos, seus velhos sinos
cantam hinos de bondade.
Elá do Rosário, os bronzes
já nem sei se ainda tocam.
Reina a mudez de um trespasse,
pois, se nada mais evocam,
é que vivem face à face
com tanta miséria e dor,
que não podem mais falar
a bela fala do Amor...
xxxx
LADEIRAS DE OLINDA
Composição: Mirian Brindeiro
xxxx bbbb
Eu quero morrer aqui
Nessas ladeiras que sempre subi
Eu quero morrer aqui
Nessas ladeiras que sempre subi
Fazer o passo
Atrás de Lenhadores
Ver maracatus
E Bumba-meu-boi
Os papagaios contemplando a Sé
Circo Nerino, jogos de botão
Fugir de casa para a serenata
Tomar banho de bica
Cuscuz e passeata
Jogar pelada perto do Fortim
Bonde de Olinda tenha pena de mim
A ventania perto do Seminário
As ruas estreitas quase sem iluminação
Subterrâneos talvez imaginários
Ribeira dos escravos na solidão
Ver mamulengos quase improvisados
Homem da Meia Noite
saindo na escuridão
Farolito retretas no Carmo a alegria
Toinho das Moças atendendo no balcão
A Liberdade agora conquistada
O grito de Bernardo soando na escuridão
Pitombeira e Elefante de braços dados
E eu no meu delírio
Chorando na multidão.
xxxxMARIM DOS CAETÉS
Alceu Valença
xxxxx
Não chore menina bonita
Se Deus quiser
Te vejo na Marim guerreira dos Caetés
De novo pra subir ladeiras
Te dou meus pés
Olinda Marim tão bonita dos Caetés
Vamos embora cabra-cabriola
Tá chegando a hora da gente arribar
Vamos embora já fui caipora
No jogo da sorte sempre dei azar
Vamos embora sei do itinerário
Por ali passamos por aqui passou
Uma "a la ursa" da fita amarela
Abrindo janelas para o nosso amor
xxxxx
OLINDA (SONHO DE VALSA)
Alceu Valença
xxxx
Olinda
Tens a paz dos Mosteiros da Índia
Tu és linda
Pra mim és ainda
Minha mulher
Calada
O silêncio rompe a madrugada
Já não somos aflitos nem nada
Minha mulher
Tu voltas
Entre frutas, verão e tu voltas
Abriremos janelas e portas
Minha mulher
XXXXHINO DO ELEFANTE
Composição: Clídio Nigro / Clóvis Vieira
xxxxx
Ao som dos clarins de Momo
O povo aclama com todo ardor
O Elefante exaltando
As tuas tradições
E também seu esplendor
Olinda, este meu canto
Foi inspirado em teu louvor
Entre confetes, serpentinas
Venho te oferecer,
Com alegria o meu amor.
xxxxx
Olinda! Quero cantar
A ti esta canção -
Teus coqueirais,
O teu sol, o teu mar
Fazem vibrar meu coração,
de amor a sonhar
Em Olinda sem igual
Salve o teu Carnaval!
3 comentários:
Está lindíssima a homenagem à Olinda. Parabéns! Vemos aqui um olindense apaixonado por sua terra e por sua gente. Há esperança de um futuro melhor para essa cidade que é pura poesia. A construção do projeto de amor à Olinda já começou.
Patrícia Vasconcellos
Salve Olinda Arlindo, no dia do aniversario de olinda deveria se carnaval com as principais troça decendo as ladeiras de olinda. Não aguento mais so ver as homenagens com 5 passista e uma troça na globo e sem a população acompanhando. um abraco
manuela da azeitona.
Proximo ano melhora, tou com voce arlindo e nao abro mao. meu prefeito e rumo a vitoria.
andre farias
Postar um comentário