Em resposta a leitor do Diario, presidente anunciou que está conversando com centrais sindicais
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, ontem, que o governo está negociando com as centrais sindicais a concessão, em janeiro de 2010, de um aumento real para os aposentados e pensionistas que ganham acima de um salário mínimo. Se o acordo for concretizado, será a primeira vez, no governo Lula, que os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de renda mais elevada terão um reajuste real em seus benefícios, e justamente em um ano eleitoral. A informação foi divulgada ontem, em resposta ao jornalista aposentado Sanelvo Cabral, 70 anos, que enviou pergunta sobre o assunto, por meio do Diario de Pernambuco, para a coluna O presidente responde, assinada pelo petista e publicada semanalmente.
"Neste momento, estamos em negociação com as centrais sindicais para definir um novo porcentual de aumento para os aposentados que ganham acima do salário mínimo na perspectiva até de ampliarmos os ganhos em relação à inflação", afirmou o presidente na coluna. Lula destacou, ainda, que seu governo tem cumprido "rigorosamente" o que determina a Constituição, que é o repasse da inflação anual aos beneficiários que ganham acima do mínimo, seguindo o INPC.
O comentário do presidente, que não dá maiores detalhes sobre a negociação, foi a primeira confirmação pública das conversas iniciadas há vinte dias e mantidas nos bastidores sob o comando dos ministros da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, e da Previdência, José Pimentel. A Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) já foram ouvidas e Dulci ainda deve conversar com as demais centrais. Também estão a par das conversas líderes partidários da Câmara.
Em troca da concessão do reajuste real aos quase oito milhões de segurados com renda superior ao mínimo, o governo deseja enterrar na Câmara a tramitação de projetos que elevam as despesas do INSS, ao fazer mudanças nas regras previdenciárias, sem contrapartida de receitas. A sinalização, segundo interlocutores, é dar um aumento de 2,5% e mais a taxa de inflação acumulada em 2009, estimada atualmente em 4,5%. Também seria montado um grupo de trabalho para estudar outras concessões a partir de 2011.
Campanha - Após um período de calmaria para amenizar as críticas da oposição, Lula retomou ontem, com força total, a campanha para eleger a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto. "Está chegando o ano eleitoral. E eu não posso falar de eleição. Mas eu só vou dizer uma coisa para vocês. Pode escrever. Eu vou fazer, vou ajudar a eleger a minha sucessora", disse Lula, em Alagoas, ao discursar na cerimônia de inauguração de uma adutora em Palmeira dos Índios, no interior do estado. Após uma longa pausa para aplausos, o presidente emendou: "Ou sucessor".
Ao exaltar sua preocupação com o Nordeste, Lula destacou que, em decorrência das dificuldades da região, é justamente ali que está a maioria dos beneficiários da Bolsa Família. "Muita gente, quando nós criamos o Bolsa Família, falou que era esmola. Mas quem fala que é esmola normalmente é gente que não precisa do Bolsa Família", rebateu.
Em lados opostos na eleição de 1989, o presidente Lula e o senador Fernando Collor (PTB-AL) escolheram a terra do ex-presidente para mostrar que deixaram definitivamente as diferenças de lado. Lula teceu elogios de sobra ao hoje aliado. Ao mesmo tempo, fez críticas a antecessores em geral. Lula e Collor viajaram juntos no Aerolula, o que, segundo auxiliares do senador, resultou de um convite feito pelo presidente. "Quero fazer Justiça ao senador Collor e ao senador Renan, que têm dado sustentação ao governo em seu trabalho no Senado", afirmou Lula. Após a cerimônia, escondidos atrás de outros participantes, Collor e Lula se abraçaram e trocaram sorrisos.
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