31 agosto, 2009

Avenida só na propaganda


Na Transamazônica não há semáforos nem paradas de ônibus e o asfalto está intercalado com trechos ainda na terra batida

Maria Eduarda Costa


O assunto mais comentado no bairro de Jardim Brasil II, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), nas últimas semanas, é a propaganda da Avenida Transamazônica. O vídeo, feito pela prefeitura, é exibido no intervalo da programação das principais emissoras brasileiras. Mas, ao contrário do que foi anunciado, a via conhecida como 2ª Perimetral, que vai ligar as Avenidas Antônio da Costa Azevedo e Senador Nilo Coelho para desafogar o trânsito na Avenida Presidente Kennedy, está longe de ser concluída. Os motoristas que se aventuram por ali encontram buracos, água, lama, entulhos das obras de urbanização e quase nenhuma iluminação
O projeto, apresentado pela prefeitura, está orçado em R$ 3 milhões e inclui o asfaltamento dos 1,2 quilômetros da Avenida Transamazônica e outros 1,5 quilômetros da Avenida Brasília, continuação da primeira. O asfalto utilizado teria capacidade de suportar o tráfego de veículos pesados. Na prática, não há semáforos nem paradas de ônibus e os trechos asfaltados estão intercalados com partes da via que ainda são de barro.
Nos espaços de terra batida, os buracos chegam a 80 centímetros de profundidade. Nos trechos asfaltados, eles são menores, mas também já começam a aparecer, apesar de a avenida ter sido inaugurada há apenas dois meses e não sofrer com o trânsito de veículos pesados.
O acúmulo de água e lama nesses lugares é um perigo para os motoristas que utilizam a via porque não permitem que eles avaliem se o veículo tem condições de ultrapassar o buraco. “Os poucos ônibus que passam por aqui por causa do desvio da Presidente Kennedy sempre sofrem algum dano. Caminhões também”, conta Luciana Maria de Moura, 24 anos, que trabalha em uma casa lotérica.
“Essa água não seca nunca. Quando começa a diminuir, volta a chover e a poça permanece”, diz Lindoval Carneiro Lins Filho, 18 anos, funcionário de uma casa especializada em baterias na rua. “Os buracos não existiam antes. O chão era de terra, mas sempre nos juntamos para pagar uma máquina que deixava a rua plana”, acrescenta o auxiliar administrativo Cassiano Feitosa, 28, presidente da Associação de Moradores do Loteamento Tamandaré.
Por causa dessas falhas, motoristas, motoqueiros e ciclistas costumam subir na calçada na tentativa de atravessar a via sem danificar o veículo ou sofrer um acidente. Os pedestres ainda têm que dividir espaço com os montes de areia, cobertos de mato, e as várias tábuas de concreto que a Delta, empresa responsável pela obra, deixou quando abandonou a avenida há pouco mais de dois meses. “O engenheiro simplesmente nos disse que iria continuar uma obra em Dois Unidos, bairro da Zona Norte do Recife, e que talvez volte para terminar a Transamazônica em setembro”, lembra Cassiano Feitosa.
À noite, a situação fica ainda pior. Os moradores afirmam que a iluminação da via é precária. Sem enxergar os buracos, condutores acabam caindo neles. A população também reclama que muita gente têm se aproveitado da falta de iluminação e dos montes de entulho, que dificultam a visão das pessoas, para praticar assaltos.
Vários estabelecimentos comerciais precisaram instalar grades para dificultar a ação dos bandidos. “Essa casa lotérica já foi assaltada três vezes em uma semana. Por isso, a garota que trabalhava aqui pediu demissão e eu fui contratada”, conta Luciana Maria de Moura, 24.
Segundo a Prefeitura de Olinda, os buracos foram abertos pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) para a troca de uma adutora. Como os testes com o novo equipamento ainda não foram feitos, a Delta não pode continuar as obras. A Compesa afirma que já comunicou à empresa que o equipamento está funcionando e que pode seguir com o asfaltamento. A urbanização será reiniciada assim que a água acumulada na avenida secar e deve levar de 30 a 45 dias para ser concluída.


Publicado em 24.08.2009

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POSTADO POR ARLINDO SIQUEIRA

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