05 agosto, 2009

A indiferença como culpada

A morte de um homem na fila da Policlínica Amaury Coutinho, na Campina do Barreto, só serviu para tornar ainda mais evidente as deficiências das unidades de saúde do Recife. Não é de hoje que a população denuncia a falta de remédios, profissionais e demora no atendimento. Quem depende do serviço está acostumado com o sofrimento. Quando faleceu, ontem, a vítima já esperava há mais de quatro horas para marcar consulta. E, embora estivesse dentro de um posto, não foi socorrido por um médico ou enfermeiro.
O caso, que indignou a população , não se restringe a capital.
Policlínicas de Olinda, Cabo e Paulista também não dispõem de infraestrutura. Reclamações de gente que volta para casa sem conseguir consulta ou agendar exames são rotineiras. O descaso com o paciente do SUS é problema antigo também na rede estadual. Sem investimento, grandes emergências vivem lotadas. Parte delas recebe demanda que deveria ser das policlínicas, responsáveis pelo atendimento de baixa e média complexidade.
As gestões municipais devem dar atenção ao serviço de saúde e oferecer tratamento mais humanizado para que médicos comecem a enxergar o sofrimento dos doentes. Eles não podem ser indiferentes ao desespero do povo porque não trabalham em condições ideais e recebem baixos salários. Enquanto isso não for prioridade, pacientes vão continuar sendo tratados como bichos, como ocorreu ontem.
JC nas ruas- Cad. CIDADES 05/08/2009
ALEXANDRE MORAIS

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