Serviço começou em março de 2008, mas não avançou. Há divergências entre moradores e prefeitura
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Apesar do sol, não havia um único trabalhador nas obras do Alto da Sé, no Sítio Histórico de Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), na quarta-feira passada. Desde que o projeto de revitalização da área foi iniciado, em março do ano passado, não houve grandes mudanças. É possível notar a recuperação da caixa-d’água e a construção do mercado de artesanato, mas parte da Rua Bispo Coutinho continua interditada. Os fios que deveriam ter sido embutidos ainda aparecem, a praça onde trabalham tapioqueiras e artesãos acumula entulho e a urbanização da parte baixa da via sequer foi iniciada.
As pessoas que trabalham na região afirmam que a obra foi paralisada devido a uma divergência entre prefeitura e moradores. “Eles não querem perder o estacionamento que têm hoje ao lado da praça. No projeto, ele desaparece e abre espaço para ampliação da área verde”, explica o artesão Carlos Alberto Santos da Silva, 51 anos.
O autônomo Alexandre Marinho Lobo, 45, diz que a questão não é apenas um lugar para parar os carros. Segundo ele, esse estacionamento é uma área importante para carga e descarga de compras, gás e outros objetos pesados, além de facilitar o acesso de idosos, deficientes, gestantes e crianças pequenas, que assim não precisam andar muito para chegar em casa. “A alternativa que nos ofereceram foi estacionar próximo à Academia Santa Gertrudes. Como se não bastasse a distância, esse lugar também é escuro e perigoso à noite”, afirma.
A outra proposta feita pela Prefeitura de Olinda seria reformar a rua, em sua parte baixa, para permitir a passagem dos carros. Assim, não seria necessário estacionar perto, porque as pessoas com dificuldade de locomoção teriam acesso garantido.
No entanto, para permitir a execução da obra, seria preciso destruir o muro e parte dos cômodos de algumas casas. A secretária de Cultura e Patrimônio Histórico do município, Márcia Couto, justifica que as edificações previstas para serem destruídas correspondem à área da antiga rua, invadida pelos moradores. “Na verdade, a parte baixa da Bispo Coutinho é uma rua sem saída, mas tem espaço para a circulação de dois carros”, garante.
A ideia também não foi aceita pela população local. Eles temem que os visitantes usem a rua como estacionamento. “Somos favoráveis à urbanização da rua, mas essa alternativa tira parte da nossa casa e nossa tranquilidade. As crianças, por exemplo, não poderiam mais brincar. Para nós, a rua perde sua principal característica”, defende Alexandre.
Márcia Couto diz que a intenção da prefeitura seria impedir o estacionamento na rua, tornando-a exclusiva para embarque e desembarque, mas também admite que não tem como manter gente fiscalizando a via para inibir abusos.
Por causa do impasse, a obra, inicialmente prevista para terminar em dezembro, está atrasada. “Não quisemos fazer algo sem o apoio da população”, justifica a secretária, acrescentando que há tempo de a maior parte da obra ficar pronta antes das prévias carnavalescas de janeiro.
Maria Eduarda Costa
meduarda@jc.com.brPOSTADO POR ARLINDO SIQUEIRA
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