Arlindo: Olinda, Saúde Zero

Médicos de Olinda têm pior salário do Brasil

TÁCIO SANTOS

A saúde em Olinda anda meio maquiada. Quem não conhece o município de verdade, pode até achar que está tudo uma maravilha nessa área se visitar o Centro de Saúde Barros Barreto, principal unidade de atendimento do Distrito II. Lá, não faltam médicos nem remédios. O atendimento e as instalações estão funcionando regularmente.

Mas, quem quiser conhecer a realidade, basta fazer uma visita à Policlínica São Benedito, localizada no Caenga, no Distrito I, bem longe dos holofotes da cidade. Para denunciar a falta de condições de trabalho e a insegurança nos postos de saúde, não só no de São Benedito, mas em vários outros, os médicos do município fizeram uma paralisação de dois dias na última semana de janeiro. Além dessas reivindicações, eles protestaram por um salário digno. O piso salarial pago pela prefeitura aos médicos é o pior do Brasil, apenas R$ 882.

O vice-presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Sílvio Rodrigues, disse que, por causa de um salário tão baixo, os médicos do estado não querem trabalhar em Olinda. “Boa parte das unidades de saúde da família (PSF) como Jardim Brasil II, Alto da Bondade, Ilha de Santana II, Alto da Conquista, Sapucaia entre outras, estão com as equipes sem médico faz muito tempo”, denuncia Rodrigues. Segundo o vice-presidente, o Simepe já pediu audiência com o prefeito Renildo Calheiros, mas ele ainda não se manifestou.

A unidade de Ilha de Santana II, por exemplo, não tem médicos desde outubro de 2009. Segundo funcionários e moradores do bairro, além dos médicos faltam remédios básicos e o único atendimento que está sendo realizado é a aferição de pressão.

SILVIO RODRIGUES, VICE PRESIDENTE SIMEPE

Já o médico Tácio Santos, que atende na Policlínica São Benedito disse que a unidade está abandonada. “Nossa policlínica é do mesmo porte que a Barros Barreto, porém trabalhamos com ¼ de profissionais, e com péssimas condições de trabalho”.

Enquanto isso, Olinda pena pela falta de médicos, que não chegam porque sabem das dificuldades que os esperam. A população sofre à espera de uma saúde digna e o prefeito sequer recebe os médicos para ver a pauta de reivindicações da categoria.