27 março, 2010

Banheiros públicos viram depósito

Publicado em 27.03.2010
Comerciantes e integrantes do clube de dominó na orla são os donos dos espaços: ficam responsáveis pela chave e mantêm serviço fechado ao público

Banheiros públicos da beira-mar de Olinda viraram depósito para mesas, cadeiras e caixotes de plástico de quiosques de lanche e de um clube de jogadores de dominó. Os sanitários, acoplados a lanchonetes, ficam num trecho de 2,2 quilômetros do calçadão da Praia de Bairro Novo, próximo ao antigo quartel da Polícia do Exército, revitalizado em 2006. Foram construídos com recursos dos governos federal e municipal.
Os comerciantes que exploram os pontos comerciais, e são responsáveis pela chave dos banheiros, mantêm os espaços fechados para o público. Na barraca de sucos, a funcionária informa às pessoas que os compartimentos não são sanitários, mas depósitos da lanchonete. No quiosque da sorveteria, o atendente argumenta que não pode abrir as portas porque os banheiros tinham sido quebrados por vândalos e não funcionam.
Essas respostas foram repassadas a repórteres do JC que tentaram entrar nos sanitários quarta-feira passada. Um idoso que jogava dominó no calçadão com um grupo de amigos se dispôs a ajudar e ofereceu o sanitário do único quiosque que se encontra desativado. Ele trouxe a chave do banheiro, abriu a porta e fez questão de esclarecer que era um favor, porque o sanitário pertenceria ao clube de dominó.
Dentro, havia 12 cadeiras de plástico empilhadas, duas mesas do mesmo material (uma sobre a outra), duas tábuas escoradas na parede e um balde. Ao ser questionada sobre a localização dos banheiros públicos da orla, a funcionária da barraca de sucos respondeu que o serviço não existe e sugeriu o uso dos sanitários dos restaurantes da Avenida Ministro Marcos Freire.
A secretária de Obras de Olinda, Hilda Gomes, informa que os comerciantes tomam conta dos sanitários desde a inauguração das lanchonetes padronizadas. “Mas os banheiros são de uso público”, declara. De acordo com Ana Moura, da Diretoria de Controle Urbano de Olinda, dos quatro quiosques da orla apenas um não funciona.
“Se o sanitário acoplado à sorveteria foi destruído, o responsável pelo estabelecimento deveria ter comunicado o problema à prefeitura e não, simplesmente, fechar a porta. Vamos fiscalizar e tomar as medidas necessárias”, diz Ana Moura. Ela não sabia que o clube de dominó faz o controle do banheiro do quiosque sem atividade comercial.
POVO
Morador de Olinda, Roberto Fernandes conta que tentou entrar no sanitário do calçadão de Bairro Novo e teve o acesso negado. “Disseram que o banheiro estava fechado e pediram que eu atravessasse a rua e usasse os restaurantes. É um absurdo, a obra foi construída com dinheiro público, para o povo usar. Além disso, deveriam estar sempre limpos e higienizados”, destaca Roberto Fernandes.
Dias depois, ele estava sentado no banco da orla e viu um comerciante abrir a porta do sanitário. “Para minha surpresa, o local estava repleto de caixas de plástico, era um depósito, virou propriedade privada do comerciante. Falta fiscalização da prefeitura, para impedir uma coisa dessa”, critica.
Secretária-executiva do Restaurante Stillus, na beira-mar de Bairro Novo, Bruna Lopes disse que o estabelecimento é procurado diariamente por pessoas que caminham no calçadão, em busca de sanitário. “Vem muita gente no período da tarde, porque os banheiros da orla estão desativados, ficam sempre trancados para o povo”, destaca.
A obra de revitalização da beira-mar teve início em julho de 2004 e terminou em setembro de 2006, no trecho da Rua Farias Neves Sobrinho à Rua Tertuliano Feitosa. Foram investidos R$ 4 milhões para implantação de pista de cooper, aparelhos de ginástica e vagas de estacionamento, além da construção de bancos, parque infantil e quiosques com sanitários. 

Fonte: Jornal do Comércio (cidades), 27/03/2010


POSTADO POR ARLINDO SIQUEIRA

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