23 março, 2010

Ciclofaixa ignorada na beira-mar de Olinda

No espaço destinado às bicicletas, em plena Avenida Marcos Freire, o uso mais frequente é para estacionamento de veículos e até para realização de blitzes


Blitz, ontem pela manhã. Agentes de trânsito ocupavam a ciclofaixa com uma inspeção que estava parando motos no local que é exclusivo dos ciclistas.                

Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

O grande número de ciclistas na calçada indica que algo está errado. É como se a ciclofaixa da Avenida Marcos Freire, na orla de Olinda, não existisse. E, na prática, ela fica mesmo invisível. No espaço reservado para as bicicletas, o uso para estacionamento de veículos e até para blitzes é mais frequente.

Sem lugar, as bikes passam para a calçada, onde ameaçam também os pedestres. Esse cenário vem sendo discutido no portal do Cidadão Repórter, onde foi citado como uma realidade muito distante da cidade modelo no assunto, Amsterdã. Na capital holandesa, as magrelas fazem parte do sistema de transporte público e são a marca do lugar.

Em Olinda, o desrespeito de motoristas e comerciantes que estacionam carros e carroças na ciclofaixa provocou traumas. Tanto que os ciclistas preferem pedalar no calçadão, mesmo quando a via está livre. Um misto de prevenção, medo e falta de educação, segundo pedestres, ciclistas e internautas. "A gente já viu cada coisa, cada fino, queprefere prevenir", disse o aposentado Francisco de Assis, que dá suas pedaladas - na calçada - para manter a forma e a saúde. Ele contou que ficou feliz quando a Prefeitura recuperou a orla e instalou os 2,1 km de ciclofaixa. Mas logo viu que não seria seguro usar. "Os carros passam por cima para estacionar e não nos esperam. Além disso, é muito perto. Um desvio, pega o ciclista", afirmou.

Diferente das ciclovias, as ciclofaixas não oferecem uma separação física entre as faixas destinadas aos veículos e as bicicletas. Nesses casos, cabe à fiscalização educar a sociedade e evitar que os motoristas avancem ou estacionem sobre a área. Outro ciclista que opta pela calçada diz saber que está errado, mas prefere ficar atento a se expor na avenida. "Vou pedalando devagar e com atenção. Mas não confio nos motoristas. Além disso, tem dia que ninguém passa por aqui de tão ocupada que a faixa está", disse Roberto Corrêa. A equipe do Diario flagrou, na manhã de ontem, uma equipe de agentes de trânsito ocupando a ciclofaixa com uma blitz que estava parando motos. Mas os fiscais foram embora assim que viram o carro do jornal.

Fiscalização - O desrespeito à ciclofaixa também está sendo analisado pela promotoria de Defesa da Cidadania de Olinda, que recomendou a intensificação de ações de fiscalização. Segundo o secretário executivo de transportes do município, Adriano Marx, 493 multas foram aplicadas no ano passado por ocupação da ciclofaixa. Além disso, ele informou que a Prefeitura também realiza ações educativas, entregando panfletos explicativos e orientações diretas a sociedade. Também faz parte do planejamento da Prefeitura a implantação de uma ciclovia, prevista pelo Projeto Orla.

No Brasil, o Rio de Janeiro possui a maior quantidade de ciclovias, com 140 quilômetros, indo do centro à Zona Sul e Barra da Tijuca. A movimentação é monitorada por patrulheiros da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Já na cidade considerada como uma das mais ecológicas do país, em Curitiba, a iniciativa costuma ser criticada em fóruns de discussões. Os moradores se queixam da eficiência das ciclovias, já que os ciclistas precisam parar a cada esquina por não receber a preferência.

Júlia Kacowicz - juliakacowicz.pe@dabr.com.br

Fonte: Diário de Pernambuco (vida urbana), 23/03/2010


POSTADO POR ARLINDO SIQUEIRA

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