25 março, 2011

Comissão da Verdade não do revanchismo

Coluna da Folha de Pernambuco da sexta-feira, 25/03/11

Recentemente, “O Globo” noticiou que há forte oposição nas Forças Armadas, especialmente no Exército, ao projeto da presidente Dilma Rousseff de instituir no Brasil a “Comissão da Verdade” para apurar torturas e desaparecimento de presos políticos durante o regime militar. Chile, Uruguai e Argentina já instituíram essas Comissões e nada de mais aconteceu. O seu papel se restringiu a contar o caso como o caso foi, para que o povo dos seus países tivesse direito à verdade histórica.

No Brasil, infelizmente, as Forças Armadas desaprovam a instalação desta Comissão como se o interesse dela fosse pôr generais no banco dos réus, como aconteceu no Chile e na Argentina, por exemplo. Mas não é este o propósito da presidente da República nem da ministra da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. O que se quer é a busca da verdade para que os brasileiros saibam de fato o que ocorreu nos porões da ditadura entre abril de 64 e setembro de 79.

Ninguém está falando em revanchismo e nem há clima hoje no Brasil para esse tipo de atitude. As Forças Armadas, hoje, são subordinadas a um ministério (Defesa) comandado por um civil (Nélson Jobim) e a Lei da Anistia promulgada em 1979 alcançou vencedores e vencidos. O que se deseja com a Comissão da Verdade é saber o paradeiro do estudante pernambucano Fernando Santa Cruz Oliveira, desaparecido há mais de 30 anos, e do ex-deputado Rubens Paiva, para citar apenas esses dois.

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