01 agosto, 2011

PT não quer saber de prévias


Rumo a 2012
O partido espera encontrar o consenso sobre quem será o candidato a Prefeito do Recife sem a necessidade da disputa interna

Apesar dos problemas que o prefeito João da Costa enfrenta para assegurar a sua candidatura à reeleição, a maioria dos líderes do PT de Pernambuco não fala em prévia para escolher o seu candidato na capital - o que é ventilado apenas, nos bastidores, por alguns aliados do ex-prefeito João Paulo. O presidente regional da legenda, Pedro Eugênio, afirmou ontem que o assunto não deve ser tratado na reunião que a direção nacional realiza no dia 5 de agosto, no Rio. De acordo com a pauta apresentada pela cúpula, o tema central será o da política de alianças para 2012.

Eugênio frisou que prévia é a "última alternativa". "A prévia é um instrumento que existe, mas só será utilizado se as articulações políticas não derem resultado", ressaltou. O ex-prefeito e deputado federal João Paulo - um nome que tem sido citado, internamente, como alternativa ao de João da Costa - afirmou que onde tem prévia, tem crise. "O ideal é construir um consenso. Aqui, acho difícil ter prévia", opinou. Apesar do nome de João da Costa não ser consensual, o prefeito tem o apoio do grupo que hoje é majoritário na legenda: o comandado pelo senador Humberto Costa.

O receio quanto às consequências negativas que a realização de prévia pode vir a acarretar ao partido se justifica pelo histórico - por vezes, traumático - das disputas internas em outros Estados, a exemplo do Rio Grande do Sul. No Recife, o PT recorreu a tal recurso em apenas duas ocasiões, desde o início da década de 90. A última aconteceu em 96, quando Humberto, Paulo Rubem e João Paulo disputaram a indicação da legenda para concorrer à Prefeitura. Embora Humberto tenha conquistado a preferência dos colegas, a legenda terminou rachando, posteriormente, por não concordar com a aliança com o então governador Miguel Arraes (PSB). Com o impasse, Humberto retirou a pré-candidatura. O segundo colocado, Paulo Rubem, também desistiu da postulação e foi João Paulo quem terminou representando a sigla naquela eleição. Sem o apoio do governador, ficou na terceira colocação, atrás de João Braga (na época, PSDB) e Roberto Magalhães (PFL), que venceu o pleito.

Para a disputa do ano que vem, o partido deverá levar em consideração o relacionamento com as legendas aliadas, antes de cogitar recorrer às prévias. Por isso, o vereador Múcio Magalhães acredita que o debate sucessório não poderá se concentrar apenas no PT. "Tanto o partido como a própria administração atual estão muito envolvidos na dinâmica da Frente Popular. Claro que o PT é o principal partido, mas o debate terá que passar pelo governador, pelos partidos da frente e por Lula".

Publicado em 27/07/2011, às 13h02
Do JC Online


Revolução na Mata Norte



 
Quando desembarcar hoje no Recife, o presidente da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), Romulo Maciel Filho, trará na bagagem a garantia de que a estatal – criada pelo governo brasileiro para tornar o país autossuficiente em medicamentos produzidos a partir do plasma humano – vai revolucionar a economia da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Na terça-feira passada, Romulo assinou, em Paris, um contrato de transferência de tecnologia com o Laboratoire Français de Fractionnement et des Biotechnologies (LFB), a sexta maior empresa mundial do setor. Por 140 milhões de euros, os franceses vão instalar os equipamentos necessários para o início da produção de seis hemoderivados em Goiana. Mais do que isso, transformarão a Hemobrás na mais nova integrante de um mercado exclusivo que movimenta US$ 50 bilhões por ano. Romulo, como toda a diretoria da Hemobrás, tem pressa em acelerar o início da produção, que está prevista para 2014. Nesta entrevista, ele fala sobre o mercado de hemoderivados, da revolução que acontecerá em Goiana e da necessidade de não só capacitar funcionários, mas mantê-los depois que eles se especializarem.

Saiba mais      

Economista, 53 anos, casado e com três filhos,  Romulo Maciel Filho foi nomeado presidente da Hemobrás no dia 9 de outubro de 2009    

Era o representante do Ministério da Saúde (MS) no Conselho de Administração da estatal desde novembro de 2008           

Natural do Recife, é servidor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desde 1986       

Possui mestrado em planejamento e gestão de políticas de saúde pela Leeds Metropolitan University e doutorado pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/UERJ).          

Atuou como assessor especial do ministro da Saúde. Foi diretor da Secretaria de Políticas de Saúde e gerente administrativo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Foi diretor do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), a Fiocruz de Pernambuco.

Figurou como um dos fundadores e coordenador do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva (Nesc) dessa unidade da Fundação, de 1989 a 1993.     

Entrevista especial >> Rômulo Maciel Filho 

“Um mercado de R$ 800 bilhões”      

Por que é importante o Brasil ter uma empresa como a Hemobrás, de processamento de plasma?        
O Brasil está atrasado nisso. Nós temos uma política social de saúde extremamente avançada, com uma inclusão social permanente, sendo um dos aspectos mais importantes a universalidade do acesso da população aos serviços de saúde. Mas o Brasil, que domina tecnologias extremamente avançadas, como a aeroespacial e a de prospecção de petróleo em águas profundas, ainda não tinha a capacidade de produzir os seus próprios hemoderivados. Os brasileiros que precisam deles para sobreviver dependem ainda de forma absoluta de medicamentos importados.           

Isto vai mudar no momento em que Goiana entrar em operação?
Eu acho que vai mudar muita coisa. Na questão sanitária, a médio prazo vamos construindo esta autonomia e, consequentemente, diminuindo a vulnerabilidade brasileira no que diz respeito ao enfrentamento dos seus problemas de saúde. Mas tem outras duas dimensões que eu quero destacar: as dimensões econômicas e sociais do projeto Hemobrás, referindo-me principalmente sobre a população que está no entorno da fábrica, a população nordestina, de modo geral.   

Por que Goiana?         
A escolha de Goiana passou primeiro por uma disputa nacional. Pernambuco foi escolhido porque ofereceu melhores vantagens comparativas. Foi diretamente associada a esta escolha a experiência que já existia na área de sangue em Pernambuco com o protagonismo do Hemope. Quem decidiu fazer a fábrica da Hemobrás foi o presidente Lula, especificamente na gestão do ministro Humberto Costa, uma decisão que teve um conjunto de aspectos técnico-científicos: o fato do Hemope estar em Pernambuco, de termos institutos tecnológicos como o Itep, o Aggeu Magalhães, as universidades, de estar próximo da Paraíba. Mas tem uma gestão que perpassa tudo isso, que tem a ver com a política do governo Lula, que era a de descentralização dos investimentos deste país. Era dar ao Nordeste a opção de criar riqueza também.    

Por que o plasma é tão valioso e estratégico?         
O plasma é um subproduto do sangue humano riquíssimo em possibilidades na produção de medicamentos muito importantes, mas tem uma particularidade que é a necessidade de ser acondicionado sempre a baixíssimas temperaturas. Então, para ser viável industrialmente, tem que ser guardado a 35 graus Celsius negativos e de forma muito rápida. No momento em que é extraído, tem que ser armazenado imediatamente e não pode sofrer variação de temperatura. É um produto extremamente escasso e valioso.

Por que os franceses liberaram tecnologia para a Hemobrás em uma área tão estratégica?                    
O mercado brasileiro é um mercado de R$ 800 bilhões para medicamentos hemoderivados. O LFB é uma empresa estatal francesa, sem fins lucrativos. A França tem uma legislação parecida com a nossa no ponto de vista da vedação da comercialização do sangue e seus derivados e nós precisávamos de um parceiro que dominasse a tecnologia. Todos os outros potenciais parceiros não tinham interesse em participar, porque transferir tecnologia significa passar mercado. O LFB se propôs a ser nosso parceiro e, depois de todo este processo concluído, ele vai ter uma garantia de que, durante dez anos, terá royalties sobre os produtos que iremos comercializar a partir desta transferência que irá nos passar.            

Como vai ser feita esta transferência de tecnologia?         
A construção desta fábrica passou por uma revisão completa da sua estratégia há dois anos e nós planejamos realizá-la em três etapas. A primeira já está sendo concluída agora em dezembro, que é a câmara fria, onde vamos armazenar todo o plasma nacional, com capacidade para 500 mil litros. A segunda é toda a parte de construção civil, os prédios, a casca da empresa, são 21 blocos. Também foi contratada em maio e tem dois anos para ser realizada. E a terceira, que estamos iniciando agora, que eu chamo a alma da empresa, o conteúdo, o recheio. É toda a parte tecnológica, de instalação de equipamentos e de validação destes processos. Vamos alocar recursos para que o LFB faça as encomendas. São equipamentos extremamente complexos, feitos sob medida.  Não existem similares pelo menos no Nordeste. As primeiras levas serão entregues provavelmente no segundo semestre de 2012. A nossa expectativa é de que este processo dure aproximadamente seis anos.     

Como isso vai se refletir na geração de empregos em Goiana e toda a Mata Norte?
Neste momento temos entre 130 e 150 trabalhadores em Goiana, hoje muito mais voltados em relação à parte da construção civil. A nossa previsão é de que até o final do ano tenhamos 800 pessoas trabalhando no canteiro de obras. Nesse caso específico da transferência de tecnologia, ele é muito pouco carregado de recursos humanos. A gente vai treinar gente na França. Vamos mandar quase 30 pessoas de diversas áreas.

E quando a Hemobrás passará a trabalhar também na área de biotecnologia?      
Isto vai se intensificar quando começarmos a produzir efetivamente. Mas já estamos discutindo possíveis parcerias, que possam ser estabelecidas no paralelo da construção da fábrica. E aí temos algumas conversas com alguns grupos acadêmicos, científicos e tecnológicos dos Estados Unidos, alguns aqui da França mesmo.

O plasma no Brasil é obtido de forma voluntária. O que é preciso fazer para evitar desperdício deste bem tão precioso?       
Por força das características da política de sangue no país, há efetivamente uma baixa deficiência na coleta. Temos dados que apontam que o Brasil teria capacidade de produzir por volta de 600 mil litros de plasma e só consegue produzir em torno de 120 mil. Precisamos avançar muito no campo da logística e capacidade de coleta do plasma. A Hemobrás tem a responsabilidade de gerenciar o plasma brasileiro. Nosso desafio é transformar estes 120 mil litros em 300 mil, pelo menos em 2014. Esta é a escala que precisamos para operar a fábrica.  

Como você visualiza Goiana depois que a Hemobrás estiver funcionando?
 Vejo Goiana como outra cidade a curto e médio prazos. Todos nós estamos fazendo uma espécie de revolução e isto vai mudar a cara daquela região, porque não é só Goiana, é o estado de Pernambuco, é a Paraíba, vai ser Rio Grande do Norte. Vamos criar novas cadeias produtivas, vai ter demandas de bens e serviços de toda a natureza. Goiana tem tudo para ser um polo de desenvolvimento e referência nacional e internacional em pouco tempo.           

Como está a capacitação de quem passou no concurso público?    
Nós temos um grande desafio. Temos que mudar o regramento da empresa, buscar alguma forma não só de capacitar este profissional, mas de fixar quem está sendo treinado na França ou capacitado nas escolas, com a vontade de trabalhar mas continuar crescendo. Para isso precisamos ter salários competitivos no mercado farmacoquímico e não temos isto. Temos que ser uma empresa que estimule os funcionários e faça com que eles vejam Goiana como um projeto de vida. É um trabalho dessa diretoria.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO
Paulo Goethe
Recife, segunda-feira, 1º de agosto de 2011

Use bem o extra da aposentadoria


Neste mês, serão pagos a primeira parcela do décimo terceiro salário e a correção do teto do benefício.
Vem aí a primeira parcela do décimo terceiro salário dos aposentados e pensionistas. Além da bonificação natalina, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) vai pagar a correção do teto para quem teve o benefício concedido entre abril de 1991 e dezembro de 2003 e ganhava até dez salários mínimos. Um reforço no orçamento dos segurados da Previdência entre os cinco últimos dias de agosto e os cinco primeiros dias de setembro. Uma bolada de dinheiro que deve ser bem administrada pelos idosos para não entrar pelo ralo. Nada de sair presenteando os netos, trocar de carro ou pegar a estrada sem lenço e sem documento. Cautela é a palavra-chave para usufruir da grana extra.

O contracheque recheado é uma tentação. Muitos podem achar que estão ricos e começar a gastar por conta. Nessa hora entra o time de especialistas em finanças pessoais para orientar como deve ser usado o dinheiro de forma racional. O economista Alexandre Daniani, da Confirp Consultoria Contábil, diz que a primeira dica é guardar o dinheiro na caderneta de poupança nos primeiros trinta dias. Tempo necessário para levantar as dívidas e saber se está gastando mais do que ganha. “Faça um diagnóstico da sua situação financeira antes de decidir o que vai fazer com o dinheiro extra”, indica.                

 Se o aposentado estiver pendurado no cartão de crédito, cheque especial ou preso ao banco no empréstimo consignado é recomendável usar uma parte da bonificação para se livrar das dívidas. O consultor financeiro Roberto Ferreira orienta que seja priorizado o pagamento das dívidas com juros mais altos. Pela ordem vem o cartão crédito, cujo juro é superior à 12% ao mês, e depois o cheque especial. Se for possível, Ferreira recomenda que sejam antecipadas as parcelas do consignado, porque é uma forma de liberar a renda mensal do pagamento em folha. Desde que seja negociado um bom desconto com o banco.             

Depois de sanear as contas é hora de decidir o investimento que pode ser feito com o dinheirinho que sobra. Tudo vai depender do valor que o aposentado e pensionista vai receber do INSS, do tempo da aplicação, e claro, do perfil do investidor. A pedido do Diario, Alexandre Daniani fez uma simulação para quem vai aplicar R$ 1.000. Para saber quanto vai render o dinheiro é só consultar o quadro. “A opção pela aplicação está atrelada ao que você vai fazer com o dinheiro. Se preferir ter uma renda no futuro é interessante reforçar a previdência privada”. Quem quer usar o dinheiro em curto tempo deve deixar na poupança.          

Mas a tentação de gastar é grande. Consumir é bom, mas com cautela. “Procure comprar à vista e com bons descontos. Evite as parcelas com valores altos porque vai pesar no seu orçamento”, indica Roberto Ferreira. Já o professor Marcelo Barros diz que antes de consumir é preciso fazer três perguntas: Eu preciso realmente daquele produto? Será que posso esperar para comprar num período de liquidação com preço mais baixo? O produto é importante? “Se tiver que comprar faça antes uma pesquisa de preços e busque um desconto no mínimo de 10% para pagamento à vista”.          

 Sinal vermelho para quem pensa em investir em imóveis. Os especialistas convergem para o mesmo ponto: os imóveis estão com os preços supervalorizados no momento e pode não ser um bom negócio. “O mercado está sem parâmetros. Um imóvel que custava R$ 100 mil há dois anos está por mais de R$ 200 mil, o que é irreal”, diz Barros. “Pode ser um bom investimento daqui a cinco anos se for usado como renda adicional no futuro”, emenda Daniani. Outro detalhe: trocar de carro nem pensar porque é custo e não investimento.

Saiba mais         

Aprenda a investir o dinheiro extra.      

Nos primeiros 30 dias deixe a grana extra na caderneta de poupança. 

Faça um diagnóstico da situação financeira anotando tudo o que ganha e o que gasta no mês.               

Priorize o pagamento das suas dívidas com cartão de crédito e cheque especial porque os juros são mais altos.            

Se não tiver dívidas e preferir um investimento de curto prazo, é recomendável deixar o dinheiro na poupança.          

Para os investimentos mais longos, entre dois anos e dez anos, é recomendável investir em CDBs ou no Tesouro Direto (títulos públicos) .          

Se a intenção é ter uma renda maior no futuro, coloque o dinheiro na previdência complementar .

Se preferir gastar parte do dinheiro, uma opção é viajar, desde que seja na baixa estação.

Só antecipe o consumo de bens duráveis com bons descontos e pagando à vista, para não se endividar.          

Evite trocar de carro em um curto espaço de tempo porque poderá ter perdas financeiras.

Investir em imóvel é interessante para ter uma renda adicional de aluguel no futuro.

 ROSA FALCÃO
Recife, segunda-feira, 1º de agosto de 2011


ACORDO SOBRE A DÍVIDA



A negociação entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e os republicanos para aumento do teto da dívida do país já foi concluído. A informação foi dada pelo líder democrata Harry Reid ontem. Agora, segundo informou o gabinete de Reid, o acordo depende de ratificação dos parlamentares do Partido Democrata. A expectativa é a de que a nova proposta seja posta em votação hoje. O aumento do teto deve acontecer a fim de evitar que o país entre em moratória, ao atingir o limite de seu endividamento na terça-feira.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO