Estive presente a Missa de Ação de Graças pelos 10 anos de fundação do jornal "Folha de Pernambuco". Empreendimento arrojado, que hoje pode-se dizer consolidado no coração do povo pernambucano, com a marcar empreendedora de Eduardo Monteiro. Ele soube, ao longo do tempo, montar uma equipe com garra e espírito de resistência. A "Folha de Pernambuco" cresceu e consolidou seu espaço. É um dos jornais mais influentes de Pernambuco. Muito justa a homenagem prestada pela Diretoria da "Folha de Pernambuco" aos funcionários. A entrega da medalha Armando Monteiro Filho, do funcionário do parque gráfico ao diretor executivo, consistiu num ato de respeito a força de trabalho.
A seguir transcrevo artigo do jornalista Fernando Veloso, um dos fundadores da "Folha", onde conta a saga do empreendimento:
O sonho, a ousadia, a Folha | |
Fernando Veloso * | |
Eduardo saiu do Diário acompanhado pelo núcleo dirigente que ele havia levado para a empresa. Naquele momento, fora do DP, a família Monteiro amargava um duríssimo golpe: a intervenção no Banco Mercantil. Pois bem, foi justamente no mais difícil momento da vida que Eduardo decidiu realizar o sonho que acalentávamos há muito tempo: implantar um novo jornal em Pernambuco.
Nas últimas duas décadas, foram muitas as tentativas de implantação de uma “terceira via” no Jornalismo impresso. E todas fracassaram. O sonho de Eduardo, compartilhado por um pequeno grupo de colaboradores, era de uma ousadia sem limites. Havia o mito de que um terceiro jornal “não pegava” e havia a dura realidade conjuntural: o investidor estava sem dinheiro.
O desafio, como se vê, era imenso, e Eduardo resolveu correr o risco sozinho, poupando a família. Ele sabia que poderia contar com doutor Armando, esta notável figura de cidadão e homem público, mas evitou envolver o pai na arriscada empreitada. A primeira decisão que tomamos, de forma pragmática, foi prospectar o mercado, investigar cientificamente a viabilidade do projeto.
Depois de uma bateria de pesquisas contratadas ao professor Antonio Lavareda, constatamos que havia espaço para a terceira via. Aí Eduardo juntou a minúscula equipe (Eduardo Moraes, Henrique Barbosa, Homero Fonseca, Américo Góis, Sandra Porto, Paulo Marques, Domingos Azevedo, Fernando Veloso, Paulo Pugliesi ) numa sala cedida pelo primo Domingos Azevedo. Ali, na pequena sala de uma revenda de carros, na avenida Domingos Ferreira, em Boa Viagem, a Folha de Pernambuco foi concebida.
Pesquisa para escolher o nome do jornal, pesquisa para definir os nomes dos cadernos, prospecção de profissionais que desejávamos contratar. A terrível agonia de se conseguir comprar uma rotativa, a recuperação do velho prédio do Recife Antigo para sediar o jornal. Tudo isso foi feito em apenas nove meses. Em março de 1998 já estávamos instalados e testando toda a engrenagem, com um excelente time de repórteres e editores.
No dia 3 de abril de 1998 a Folha foi pra rua com 10 mil exemplares. Edição esgotada em poucas horas. No dia seguinte, 15 mil jornais foram rapidamente comprados. Com uma semana, a Folha vendia 20 mil exemplares. Em três meses, 30 mil jornais vendidos nas bancas. Um raro, rápido, e inquestionável sucesso.
Para nós jornalistas, por vocação e convicção, o exercício da profissão é motivo de realização pessoal. Mas há algo ainda mais fascinante, uma emoção difícil de explicar: participar da concepção, ajudar um jornal a nascer.
Imaginamos, e colocamos nas ruas, um jornal acessível ao povo, com uma linguagem simples, direta, verdadeira.
Lamento não ter espaço aqui para nominar, e agradecer, a cada uma das pessoas que estavam ao nosso lado naquele mágico 3 de abril, data da materialização do sonho de todos nós, da afirmação da ousadia de Eduardo Monteiro, dia do nascimento da FOLHA DE PERNAMBUCO.
(*) Jornalista e um dos fundadores do jornal
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