Urbanismo // Projeto que vai estabelecer ações contra o fenômeno em quatro municípios terá processo de licitação iniciado nesta sexta-feira
Tânia Passos
taniapassos.pe@dabr.com.br
A chegada do mês de agosto costuma assustar quem mora na orla devido aos ventos fortes, lembrando que o mar continua avançando. Mas também traz um alento. Os quatro municípios mais afetados pela erosão marinha no litoral do estado - Jaboatão dos Guararapes, Recife, Olinda e Paulista - vão ter pela primeira vez um projeto único de contenção e recuperação da faixa de areia. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma) inicia, na próxima sexta-feira, o processo de licitação do projeto para ter em mãos, até o fim do ano, as ações que precisam ser feitas para frear o avanço do mar. O projeto deverá levar em conta os dados coletados na pesquisa do Monitoramento Ambiental Integrado (MAI), divulgado em dezembro de 2008.
A coordenação estratégica das intervenções está sob a responsabilidade da Sectma. O estado disponibilizou R$ 543 mil para financiar o projeto. "O estado decidiu assumir o projeto para evitar que os municípios atuem de forma individualizada", ressaltou o secretário de Meio Ambiente do estado Anderson Gomes. É o caso de Jaboatão dos Guararapes que, desde de março deste ano, iniciou os estudos para elaborar o projeto da orla do município .
A empresa americana Costal Planning, que já tem experiência neste tipo de intervenção nos Estados Unidos, está elaborando o projeto de Jaboatão. "Não iremos descartar os dados do MAI, o nosso projeto é uma complementação do estudo por causa das obras de engenharia que precisam ser feitas", explicou o secretário de Meio Ambiente do município, Márcio Mendes, que se comprometeu em disponibilizar para o estado os dados que estão sendo coletados pela empresa americana. As informações vão servir de fonte para a empresa que vencer a licitação.
"Houve um acordo com a prefeitura de Jaboatão. Eles vão nos repassar as informações e aguardar o projeto que será elaborado pela empresa que vencer a licitação para os quatro municípios", explicou Anderson Gomes. Até o fim deste mês, Jaboatão deve ter o resultado do estudo. A execução do projeto dará tranquilidade principalmente aos moradores. Em maio do ano passado, o empresário Mário Baptistela vivia o drama de olhar da varanda do seu apartamento, na praia de Candeias, e ver o mar cada vez mais próximo. "Realizei o sonho de morar à beira-mar e hoje fico assustado. Quase não venho mais na varanda", contou Mário.
Jaboatão investiu R$ 130 mil no estudo que está sendo elaborado pela empresa americana. A estimativa para as obras de contenção no litoral é de um investimento na ordem de R$ 25 milhões. Recursos que deverão ser captados com ajuda do governo federal. Por enquanto, apenas Jaboatão estima o valor dos gastos na orla. A empresa americana já identificou seis intervenções no quebra-mar e apontou a foz do Rio Jaboatão como uma das alternativas de jazida de areia para recuperação da faixa. Serão necessários pelo menos dois milhões de metros cúbicos de areia para restabelecer as praias no município. Os trechos mais críticos estão nas praias de Piedade e Candeias.
Os outros municípiosainda dependem do resultado da elaboração do projeto do governo do estado. Em Olinda e no Recife, o único trabalho que vem sendo feito é o de manutenção do enrocamento (paredões em pedra) nos trechos onde há erosão marinha. Já o município de Paulista, que está com orla destruída pelo avanço do mar, dispõe de recursos para as obras físicas do calçadão no valor de R$ 14 milhões. Mas falta a liberação da Superintendência de Patrimônio da União. "Esses recursos são para as obras de urbanização. As ações no mar vão ficar a cargo do governo federal", afirmou o secretário de projetos especiais, Fernando Pessoa. Para o secretário da Sectma, Anderson Gomes, o ideal é que nenhuma intervenção fosse feita antes de o projeto do estado ser concluído. "Seria bom que eles segurassem esses recursos até o projeto ficar pronto", disse.
POSTADO POR ARLINDO SIQUEIRA
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