´Usina nuclear não está na pauta`

Governador disse que a construção de uma usina no estado não está nos planos nos próximos quatro anos

Petrolina - Atirar no escuro, sem saber ao certo a reação do pernambucano, não está nos planos do governador Eduardo Campos (PSB). Em meio ao terremoto que devastou o Japão e provocou diversas explosões em um usina atômica naquele país, o governador afirmou, ontem, em Petrolina, no Sertão do São Francisco, que a construção de uma usina nuclear em Itacuruba, município da mesma região, não está nos planos do governo estadual. Segundo ele, não há sequer recursos disponíveis no Orçamento Geral da União para financiar este empreendimento no estado pelos próximos quatro anos. A decisão foi anunciada, ontem, pouco antes de o socialista participar da abertura do programa Todos por Pernambuco, que reuniu mais de mil pessoas no auditório do Senai. O tema esteve em várias entrevistas dadas por Eduardo ao longo do dia.

Em Petrolina, Eduardo Campos afirma que debate sobre energia nuclear é equivocado Foto: Fotos: Regina Lima/Esp DP/D.A Press

´Quero tranquilizar todos aqueles que me escutam, explicar que isso não existe no horizonte. Que eu conheça, não existe nenhum projeto fechado para isto. Houve estudos e vários lugares foram pesquisados para criação de 12 usinas no Brasil, sendo seis delas no Nordeste. Mas os que estão apreensivos podem se tranquilizar pelos próximos quatro anos`, declarou.

Ex-ministro da Ciência e Tecnologia, o governador se mostrou um entusiasta do programa nuclear brasileiro e evitou ´estigmatizá-lo`. Segundo ele, a energia nuclear serve para curas na medicina, por exemplo, e até mesmo para combater pragas na agricultura. ´Mas não está na pauta`, assegurou, apesar de o secretário de Recursos Hídricos, João Bosco, ter iniciado as articulações para trazer a usina há uns dois anos. O próprio governador teria tentado negociar com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), para que o investimento fosse feito entre os dois estados, na bacia do Rio São Francisco.

De acordo com Eduardo, o tema está sendo levantado no mundo inteiro, ´sob o calor da emoção`, por conta do drama vivido no Japão. Ele ressaltou, contudo, que o risco de acidentes nucleares é mínimo. ´Está todo mundo apavorado porquenão se sabe a dimensão do desastre, mas esse debate é equivocado porque não há decisão da presidente Dilma em fazer a usina`, pontuou, numa referência a preocupações que foram levantadas na última segunda-feira pelo próprio secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Xavier. Na ocasião, Xavier disse que não falava pelo governo, mas se colocou contra as fontes nucleares.

Presente no evento, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, defendeu a criação de uma usina em Pernambuco. ´Acho que o programa nuclear brasileiro deve ser ampliado e os estados do Nordeste devem se candidatar para receber essas usinas porque elas são fontes de tecnologia, de emprego e de conhecimento. Mas nós só podemos opinar em relação a assuntos da nossa pasta`, frisou.

 

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DOÁRIO DE PERNAMBUCO