19 julho, 2011

Nem mesmo Lula vai unir os dois joões


Aline Moura
Recife, terça-feira, 19 de julho de 2011
Personagens principais da atual disputa interna do PT, João da Costa e João Paulo não apostam na reaproximação

Imagem: Arte/Jarbas/DP
A política nem sempre é preto no branco, mas o cenário mostra que nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva consegue reatar os laços entre os dois joões. Embora Lula venha ao Recife na próxima quinta-feira, não há perspectiva de sua visita reaproximar o prefeito João da Costa (PT) e o deputado federal João Paulo (PT), afastados há cerca de dois anos. A presença do ex-presidente não deve pacificar o PT, mesmo que os protagonistas dessa disputa estejam mais disciplinados esta semana, sem trocar farpas.

Lula vem a Pernambuco para participar de quatro agendas, incluindo um encontro com o governador Eduardo Campos (PSB). Mas tanto João da Costa quanto João Paulo acreditam que o correligionário não vai falar sobre o rompimento, até mesmo para não correr o risco de ser contrariado. Os dois evitaram críticas mútuas ao falar sobre o assunto, ontem, mas não deixaram dúvidas no ar.

“Oh, amigo, não force a barra”, pediu João da Costa em coletiva, ao ser indagado por um repórter se a presença do ex-presidente seria capaz de aproximá-lo do antigo padrinho político. “Não acredito que Lula vá falar sobre esse assunto, porque já conversei com ele em Brasília no mês passado por quase uma hora. Não existe mais possibilidade (de reaproximação)”, acrescentou João Paulo, em entrevista por telefone.

Os dois joões também confirmaram presença no Parque Dona Lindu na quinta-feira, às 19h, para participar do aniversário da Orquestra Criança Cidadã – formada por meninos do bairro do Coque, zona central do Recife. Contudo, os militantes não devem esperar muito, nem admissão de mea culpa em discursos. O máximo, por enquanto, é uma trégua nas duras declarações.

A temperatura no PT esfriou depois que o presidente estadual da legenda, Pedro Eugênio, pediu que os dois evitassem discutir pelos jornais. Mas as mágoas são recíprocas. João Paulo diz aos mais próximos ter sido “traído” pouco depois de João da Costa se eleger, quando parou de atender às ligações e frequentar reuniões do grupo político que o ajudou na eleição. Já o prefeito frisa que se afastou porque o ex-aliado queria mandar na gestão. “O Recife é uma cidade grande e, pela sua história, não ia admitir”, declarou, na última semana.

João da Costa ainda garantiu presença no café da manhã que está sendo organizado pelo líder do PT no Senado, Humberto Costa, em local não confirmado. O encontro seria uma forma de reunir as principais lideranças políticas petistas na sexta-feira com o ex-presidente. João Paulo, entretanto, disse que ainda espera mais detalhes para se posicionar. “Espero que, na quinta-feira e sexta-feira, possamos brindar o presidente com um sol maravilhoso”, declarou João da Costa. “Ainda não sei detalhes”, observou João Paulo.

Escolha
Entre lideranças de outros partidos, há quem acredite que a vinda de Lula será decisiva para 2012. Isso porque o ex-presidente está de volta ao palanque e pode deixar claro quem é seu candidato a prefeito. Até agora, não há consenso sobre a candidatura entre os petistas, os mais interessados em manter o poder na capital. O nome natural é o de João da Costa, porém sempre se ventila alternativas como o de Maurício Rands, secretário estadual de Governo, e do próprio Humberto. O nome de João Paulo continua sendo o mais popular, mas também não une a sigla.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO
POLÍTICA

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