24 agosto, 2011

COMITÊ QUER PRISÃO PARA TORTURADORES




Marcelo Santa Cruz defende posição
dura contra suspeitos.
Imagem:
HELDER TAVARES/DP/D.A PRESS
GRUPO DEFENDE QUE ARQUIVOS SECRETOS SEJAM USADOS PARA INSTRUIR AÇÕES CONTRA AGENTES DA REPRESSÃO



A abertura dos arquivos secretos da ditadura é pouco. Os militantes de direitos humanos querem a punição dos responsáveis pelos crimes de tortura durante os anos de chumbo do regime militar. O posicionamento foi apresentado, ontem, durante o lançamento do Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco. A ideia é que as informações dos arquivos secretos sejam utilizadas para instruir ações judiciais.   

“No golpe de 1964 houve aproximadamente 470 personalidades do movimento sindical perseguidas, além de estudantes e intelectuais. Outros 10 mil foram exilados, 22 mil torturados e tudo isso está impune. Então, o comitê luta para restaurar aquilo que a Anistia não fez: levar ao banco dos réus os torturadores, para explicar diante dos juízes as  circunstâncias dos desaparecimentos dos companheiros e que eles sejam punidos por desrespeitar os direitos humanos e a Constituição Brasileira”, expôs o ex-preso político e presidente do Centro Cultural Miguel Lisboa, Edival Nunes Cajá.  

O evento foi realizado no Centro Cultural Rossi Alves Couto, na sede do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e foi aberto com discurso do vereador de Olinda Marcelo Santa Cruz, um dos integrantes do grupo. O ex-perseguido político foi enfático ao atacar a ditadura. “O conteúdo aparentemente apaziguador da Lei da Anistia, na prática, esconde os interesses dos grupos dominantes e torna-se responsável por várias violações dos direitos humanos, entre as quais a impunidade e a ausência do direito à memória, à verdade e à justiça”, disse. Santa Cruz foi interrompido, diversas vezes, por aplausos da plateia.

O procurador geral do MPPE, Aguinaldo Fenelon, manifestou apoio ao movimento. “O Ministério Público vem aqui para apoiar este movimento. Estamos abrindo as portas e os espaços que dispomos como forma de fortalecimento da cidadania, porque é importante olhar para o passado para se ver bem no futuro”, disse. Fenelon explicou que a comissão tem a missão de esclarecer e resgatar toda a verdade, para que “não fiquem impunes aqueles que torturaram e deixaram uma mancha na cidadania brasileira”.

O promotor responsável pelos direitos humanos, Westei Conde, reafirmou a relevância do comitê. “Mesmo tendo sua origem na sociedade civil, ele está aberto às outras instituições. As universidades têm uma tarefa importante nesse sentido, as escolas, igrejas, partidos políticos, enfim, os brasileiros de uma forma geral. Esse é um tema que pertence a todos”. (Gean França, especial para o Diario) 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

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