Mobilização, que segue até sábado, atinge 39 postos do Programa Saúde da Família, quatro ambulatórios e a Maternidade Brites de Albuquerque
Os médicos da rede municipal de Saúde de Olinda, no Grande Recife, deram início, ontem, à paralisação das atividades nas unidades da prefeitura. Com a ação, estão sendo afetados 39 postos do Programa Saúde da Família no município, quatro ambulatórios e a Maternidade Brites de Albuquerque, na Cidade Tabajara. A paralisação continua até a 0h de sábado. A medida foi aprovada em assembleia, na noite de anteontem, como forma de pressionar a Secretaria Municipal de Saúde a negociar o piso salarial, que hoje é de R$ 882, inferior a dois salários mínimos.
Na manhã de ontem, médicos, enfermeiros e representantes de entidades médicas estiveram na Maternidade Brites de Albuquerque para protestar. “Temos o menor salário municipal para médicos do Brasil. O que o poder público faz com a categoria é vergonhoso, um verdadeiro descaso”, desabafou o diretor do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Tadeu Calheiros. Segundo ele, a entidade nunca foi recebida pelo prefeito Renildo Calheiros. “Nas nossas tentativas de negociação, recebemos da Secretaria de Saúde uma proposta não oficial de abono salarial de R$ 500, mas, por unanimidade, ela não foi aceita na assembleia.”
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), André Longo, as condições de trabalho dos médicos de Olinda desvalorizam o profissional e desestimulam a entrada de novos funcionários na rede. “É preciso dar um basta a essa situação”, opinou. “No Recife, por exemplo, a partir de junho, o piso salarial será de R$ 3.060, mais de três vezes maior.”
Apesar da paralisação, a quarta deste ano, os 283 profissionais continuarão nos seus postos para prestar atendimentos emergenciais. Na maternidade, não haverá internamentos e as pacientes, após consultas prévias, serão encaminhadas para municípios vizinhos. Para a médica obstetra Sílvia Loreto, a manifestação tem o objetivo de melhorar não só a situação dos médicos, mas da população. “O quadro de funcionários está defasado e a infraestrutura está bastante precária. O berçário, por exemplo, não tem condições de receber bebês com estado de saúde grave”, disse.
A previsão é que cerca de 600 pessoas deixem de ser atendidas. Na próxima segunda-feira, haverá nova assembleia. De acordo com Tadeu Calheiros, se não houver resposta da prefeitura, “há grandes possibilidades de greve por tempo indeterminado”.
A Secretaria de Saúde de Olinda informou que não foi comunicada oficialmente sobre a decisão dos médicos e que, portanto, não pode se posicionar sobre a contraproposta ao abono de R$ 500.
APEVISA
Funcionários da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), unidade técnica ligada ao governo do Estado, suspenderam as fiscalizações e inspeções externas até amanhã, quando haverá assembleia da categoria. O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Seguridade do Estado (Sindsaúde) reivindica a equiparação do salário da Apevisa com o de outras agências e a implantação de um plano de cargos e carreiras.
Fonte: Jornal do Comércio (cidades), 11/03/2010
POSTADO POR ARLINDO SIQUEIRA
BLOG COM MAIS DE 88 MIL ACESSOS!