30 setembro, 2010

Enfim, uma reação

DEU HOJE NO DIÁRIO DE PERNAMBUCO (VIDA URBANA)

Luce Pereira
luce.pereira@diariodepernambuco.com.br



A maioria das cidades históricas brasileiras consideradas pela Unesco como patrimônios da humanidade costuma ser muito menos tolerantes do que Olinda com a descaracterização do casario. São frequentes os comentários à boca miúda de que aqui e ali proprietários cedem à tentatação de fazer "um puxadinho", mesmo sabendo que cometem um crime. Lamentavelmente, o conhecimento desse tipo de conduta acaba ficando apenas entre vizinhos ou grupos de amigos e quase nunca a informação é levada às autoridades e aos órgãos que, em tese, existem para proteger o patrimônio histórico (mesmo não havendo garantia nenhuma sobre providências imediatas). Bem, mas, acaba chegando a hora em que os abusos passam da conta e aí a população reage. Como ontem, diante da notícia de que parte de um bar famoso, no Alto da Sé, seria derrubada para se criar passagem, diga-se, para uma rua sem saída.

O tal bar é considerado uma relíquia da boemia olindense e guarda parte da memória de importante movimento da Música Popular Brasileira, a Tropicália. Seria naquele espaço que expoentes da Tropicália teriam estado dividindo com pobres mortais frequentadores instantes de inspiração para trabalhos futuros. Independentemente de quanto haja de lenda na interpretação da presença, no local, de artistas como Maria Bethânia e Caetano Veloso, por exemplo, o caso é que os moradores não gostaram de ver reduzido a pó um pedaço do imóvel que, no mínimo, guarda parte da história recente do lugar. Aliás, uma parte inesquecível, ao que parece. Talvez, a partir de agora, comece a haver mobilização maior para protestar contra desmandos ainda mais graves. É uma questão de prioridade, pois, que crimes contra o patrimônio, na área do Sítio Histórico de Olinda, existem, existem. E nem é preciso procurá-los com lupa.


POSTADO POR ARLINDO SIQUEIRA

BLOG COM MAIS DE 109 MIL ACESSOS!

0 comentários: