09 junho, 2011

Força governista cala rebeldes na Assembleia



Com medo de represálias, deputados evitam tratar da mudança constitucional. Imagem: RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS
Deputados estaduais pernambucanos declaradamente contra à Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que garante a reeleição para os cargos da Mesa Diretora da Assembleia, parecem estar cada mais “encurralados”. Foi montada na Casa, uma espécie de “operação patrulha”. A missão é detectar e “enquadrar” autores de declarações ou movimentações que possam frustrar a aprovação da PEC.

Procurado por telefone, um deputado disse estar com receio de mais represálias. Não quis passar nenhuma informação e pediu que não fosse publicado o nome dele nem em reportagens positivas, nem em negativas. A causa seria a abordagem de pessoas – que ele não nomeou – aos autores de declarações fornecidas à imprensa. Haviam chegado, inclusive, a atribuir algumas delas injustamente a ele.

Esta semana, um dos integrantes da Mesa Diretora disse: “Estou checando quem está à frente desse movimento (contra a PEC)”. Questionado sobre o porquê, respondeu apenas com um “porque quero saber”. E nesse jogo investigativo, as maiores pressões têm recaído sobre os mais jovens e os estreantes na Casa que passaram a evitar falar sobre o assunto. “Esse assunto (reeleição) saiu de discussão”, desconversou ontem o deputado Julio Cavalcanti (PTB).

Um dos primeiros a se posicionar contra, o deputado Silvio Costa Filho (PTB) justificou a postura como sendo em favor proporcionalidade. No dia seguinte, o deputado José Humberto divulgou nota em nome da legenda afirmando que o partido, segundo maior da Casa, “não reivindicava espaços no comando do Legislativo, mas que era contra por discordar da reeleição em qualquer nível”.

Apesar de estarem sob o respaldo do presidente estadual da legenda, o senador Armando Monteiro Neto, os petebistas também têm sentido os efeitos das “forças em prol da PEC”. Assunto que já está nos corredores do Palácio do Campo das Princesas, onde se fala que postura de Armando Monteiro teria causado estremecimentos nas relações com o PSB.

Entretanto, deputados favoráveis à matéria também sofreram pressões e demonstraram insatisfação com uma série de intervenções externas. No dia em que foi divulgada a existência da emenda o prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), participou da sessão em que foram coletadas assinaturas de apoio. Presença que constrangeu a muitos e desgostou, principalmente, governistas. Na semana seguinte foi a vez do presidente estadual do PP, Eduardo da Fonte, conversar com o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, sugerindo que as bancadas alterassem o texto para permitir apenas duas reeleições seguidas. (Colaborou Aline Moura)


Política Diario de Pernambuco
Júlia Schiaffarino
Recife, quinta-feira, 9 de junho de 2011

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